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O AZUL E O DIAGNÓSTICO PRECOCE

  • drmarcelomorenomkt
  • 1 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

De acordo com registros históricos, a primeira produção da cor azul foi realizada pelos egípcios, por volta de 2200 a.C., e trata-se do primeiro pigmento sintético conhecido. Na física da luz, o azul (ciano) é uma das três cores primárias, assim como nos pigmentos. Essa cor geralmente é associada à frieza, tristeza e monotonia, e, embora amplamente ligada ao sexo masculino na atualidade, essa associação é motivo de debate. Análises históricas mostram que até o início do século XX, o rosa era mais associado ao masculino, por sua relação com o vermelho e o sangue, enquanto o azul remetia à delicadeza. Em algumas culturas católicas, por exemplo, o azul estava associado à imagem da Virgem Maria e era uma cor escolhida para vestir o primeiro filho, independentemente do sexo. Na Alemanha, a divisão das cores por gênero só ganhou popularidade nos anos 1920, consolidando-se por volta dos anos 1970. Um dos motivos dessa padronização é atribuído ao impacto da indústria da moda norte-americana, que impulsionou o uso das cores após a Primeira Guerra Mundial, com campanhas de moda e publicidade cada vez mais coloridas. 

A campanha do "Novembro Azul" começou na Austrália, inspirada por um grupo de amigos que decidiu se reunir para promover a conscientização sobre a saúde masculina. Eles deixaram o bigode crescer e saíram para arrecadar fundos para doação a instituições beneficentes. Escolheram o mês de novembro para esta ação, pois o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata já é comemorado no dia 17. Ao longo de meus anos de prática médica, tive inúmeras oportunidades de acompanhar o diagnóstico de neoplasias malignas em homens, em muitos casos graças ao incentivo de suas esposas. Sem esse apoio, alguns dos casos poderiam ter evoluído de forma desfavorável, com estágios mais avançados e difíceis de tratar, o que comprometeria a sobrevida dos pacientes. Esse fato está bem documentado por estudos epidemiológicos que conduzi enquanto atuava como docente em cursos de medicina. Para ilustrar, no caso do melanoma cutâneo, os dados regionais refletem o que se observa mundialmente: pacientes do sexo masculino apresentam pior prognóstico de sobrevida em comparação com as mulheres. Então, Novembro é um mês voltado à conscientização sobre a importância da prevenção, tanto para o câncer de próstata quanto para outras condições de saúde no público masculino. Por razões culturais e pelo preconceito que ainda envolve a busca por auxílio médico, muitos homens acabam negligenciando a própria saúde, resultando em altas taxas de mortalidade não só pelo câncer de próstata, mas também por doenças crônico-degenerativas.

Para a prevenção primária, é fundamental incentivar a prática regular de atividades físicas, uma alimentação rica em vegetais (sabemos que neoplasias malignas do intestino e da próstata estão associadas a um consumo elevado de proteína animal, algo comum no sul e sudeste do Brasil — o que pode explicar os números maiores de casos nessas regiões), a redução do consumo de álcool, o abandono do tabagismo e a atenção à qualidade do sono, todos esses fatores associados a menores riscos de desenvolver essas doenças.

No âmbito da prevenção secundária, é recomendável fazer exames anuais de check-up, incluindo a dosagem de PSA, a pesquisa de sangue oculto nas fezes (complementada com colonoscopia a cada cinco anos, ou conforme a necessidade de acordo com os resultados), exames laboratoriais gerais e outros conforme o histórico e exame físico do paciente.

Em resumo, é possível manter qualidade de vida e uma expectativa de anos ativos e saudáveis; a chave é investir na prevenção e ressignificar a cor azul.


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