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A Pesquisa Básica como Geradora de Hipótese

  • drmarcelomorenomkt
  • 24 de jun.
  • 4 min de leitura

E para ir finalizando este capítulo de textos no blog sobre minha experiência em publicação científica (que iniciou naquele artigo quando eu tinha 13 anos, conforme contei a história em postagem anterior e vídeos). Também tive o privilégio de contribuir direta ou indiretamente em trabalhos de pesquisa bacia, principalmente como professor orientador, coorientar e/ou autor convidado.  Foram quase todos vinculados nos cursos de graduação de Medicina e nos de pós-graduação como o Mestrado em Ciências Biomédicas da Universidade Federal da Fronteira Sul. A pesquisa básica com cultivo celular desempenha um papel essencial na compreensão dos mecanismos do câncer e na busca por novos tratamentos. Embora muitas vezes pouco conhecida, essa etapa inicial dos estudos científicos é o alicerce para avanços importantes na medicina, especialmente na oncologia, para gerar hipóteses que poderão ser avaliadas em estudos posteriores incluindo ensaios clínicos com pacientes. Trata-se de um tipo de pesquisa feita em laboratório, onde são cultivadas células vivas fora do corpo humano, em condições controladas, para entender melhor seu comportamento, suas alterações genéticas e como respondem a diferentes estímulos, incluindo medicamentos. O cultivo celular funciona como uma espécie de “simulação” do ambiente natural do corpo humano. As células são colocadas em recipientes específicos, como placas ou frascos de cultura, que contêm um líquido nutritivo desenvolvido especialmente para manter essas células vivas e ativas. Esse líquido, conhecido como meio de cultura, é rico em nutrientes como glicose, aminoácidos, sais minerais, vitaminas e fatores de crescimento — todos essenciais para que as células se mantenham saudáveis e consigam se multiplicar. Além disso, as células são mantidas em incubadoras que reproduzem a temperatura, a umidade e o nível de gás carbônico do corpo humano, criando um ambiente propício para o seu desenvolvimento. A partir desse sistema, os pesquisadores conseguem observar o comportamento celular com grande precisão. É possível verificar como as células crescem, se dividem, interagem entre si e, no caso das células tumorais, como invadem tecidos vizinhos ou se tornam resistentes a tratamentos. A análise dessas reações ajuda a entender os mecanismos por trás do surgimento do câncer, sua progressão e sua diversidade. Por exemplo, diferentes tipos de câncer (como o de mama e melanoma, que são temas principais das linhas de pesquisa que escolhi), apresentam características distintas que podem ser estudadas a partir de linhagens celulares específicas, ou seja, células cancerígenas que foram isoladas e mantidas para estudo contínuo ao longo do tempo. Além da compreensão teórica da biologia do câncer, o cultivo celular também tem aplicações práticas. Ele é uma ferramenta indispensável para testar novos medicamentos. Antes que qualquer substância chegue à fase de testes em humanos, ela precisa ser avaliada em células em laboratório. Isso permite verificar sua eficácia, seus possíveis efeitos tóxicos e como ela age sobre determinados tipos de tumor. Em outras palavras, é uma forma segura e controlada de selecionar os tratamentos mais promissores antes de avançar para os testes em animais e, por fim, em pessoas. Esse processo também colabora com a medicina personalizada, pois permite identificar quais terapias funcionam melhor para cada tipo específico de câncer, considerando as características moleculares de cada célula tumoral. A pesquisa básica com cultivo celular é, portanto, uma etapa fundamental no desenvolvimento de terapias inovadoras e mais eficazes contra o câncer. Ela pode parecer distante do cotidiano dos pacientes, mas é justamente nesse nível de estudo que se dá o primeiro passo rumo a tratamentos que salvam vidas. Muitos dos avanços que hoje já fazem parte da prática clínica, como a imunoterapia e as terapias-alvo — que atacam especificamente as células tumorais sem prejudicar as saudáveis —, começaram com testes em culturas de células em laboratório. Ao compreender o valor da pesquisa básica, a sociedade também fortalece o apoio à ciência e à inovação. Investir em estudos laboratoriais, ainda que seus resultados não sejam imediatos, é garantir que o conhecimento continue avançando e gerando soluções que beneficiam toda a população. Em oncologia, onde cada detalhe pode fazer a diferença na escolha e na eficácia de um tratamento, esse tipo de pesquisa é não apenas relevante, mas absolutamente indispensável. Abaixo cito os principais artigos que foram resultado das pesquisas que tive a oportunidade de participar de forma direta ou indireta (nome original em inglês, tradução para o português, ano e Revista que foi publicada). Os demais autores/autoras, (ex-alunas/os orientados, colegas pesquisadoras/res, que agradeço imensamente a oportunidade de termos dividido os momentos de elaboração dos trabalhos, estão dispostos nos prints das primeiras páginas. Caso alguém queira ler os trabalhos na íntegra posso disponibilizar pelo e-mail contato@drmarcelomoreno.com.br


  1. High levels of extracellular ATP lead to chronic inflammatory response in melanoma patients (Altos níveis de ATP extracelular levam à resposta inflamatória crônica em pacientes com melanoma) , 2017 - J Cell Biochem. 

  2. The signaling effects of ATP on melanoma-like skin cancer ( Os efeitos de sinalização do ATP no câncer de pele semelhante ao melanoma), 2019 - Cellular Signalling.

  3. Rosmarinic acid decreases viability, inhibits migration and modulates expression of apoptosis-related CASP8/CASP3/NLRP3 genes in human metastatic melanoma cells ( O ácido rosmarínico diminui a viabilidade, inibe a migração e modula a expressão dos genes CASP8/CASP3/NLRP3 relacionados à apoptose em células de melanoma metastático humano), 2023 - Chemico-Biological Interactions.

  4. Caffeine reduces viability, induces apoptosis, inhibits migration and modulates the CD39/CD73 axis in metastatic cutaneous melanoma cells (A cafeína reduz a viabilidade, induz a apoptose, inibe a migração e modula o eixo CD39/CD73 em células de melanoma cutâneo metastático), 2023 - Purinergic Signalling

  5. Curcumin promotes apoptosis of human melanoma cells by caspase 3 (A curcumina promove a apoptose de células de melanoma humano pela caspase 3), 2023 - Cell Biochem Funct. 

  6. Curcumin modulates purinergic signaling and inflammatory response in cutaneous metastatic melanoma cells (A curcumina modula a sinalização purinérgica e a resposta inflamatória em células de melanoma metastático cutâneo), 2024 - Purinergic Signalling.

  7. Rosmarinic acid modulates purinergic signaling and induces apoptosis in melanoma cells (O ácido rosmarínico modula a sinalização purinérgica e induz apoptose em células de melanoma), 2024 - Purinergic Signalling.


 
 
 

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