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Sonho realizado

  • drmarcelomorenomkt
  • 2 de jul.
  • 3 min de leitura

Em novembro de 2024, publiquei neste blog um texto refletindo o Dia das Crianças e a palavra norteadora foi “ALEGRIA” ( https://www.drmarcelomoreno.com.br/post/uma-reflexão-sobre-a-minha-infância). É com esse sentimento que finalizo a série de postagens em que compilei os principais artigos que tive a oportunidade de elaborar direta ou indiretamente durante minha carreira acadêmica. Com a sensação de sonho realizado e de ter contribuído para o desenvolvimento de informação cientifica médica principalmente nas áreas de Oncologia Cutânea e Mastologia e ajudando na história da Região oeste de Santa Catarina. Com isso, no texto de hoje, destaco o artigo relacionado a pesquisa que tive a oportunidade de participar durante o meu período de pós-doutorado no Hospital do Câncer – A.C. Camargo Cancer Center em São Paulo. Neste estudo, sob a orientação da profa. Dra. Dirce Carraro, a qual agradeço imensamente a oportunidade de me aceitar como pós doutorando), investigamos o risco de metástases em mulheres com câncer de mama triple negativo (TNBC) e portadoras de mutação germinativa (variante patogênica) no gene BRCA2. Para isso, foram analisados dados de pacientes com TNBC diagnosticadas entre 1998 e 2020, com o objetivo de avaliar os fatores associados às metástases ósseas e no sistema nervoso central (SNC). Observou-se que portadoras da mutação no gene BRCA2 apresentaram taxas mais altas de envolvimento ósseo e no SNC. No entanto, a presença da variante patogênica no gene BRCA2 não se mostrou um fator independente para risco de metástases ou para a sobrevida. O TNBC representa cerca de 15% dos casos de câncer de mama, afetando principalmente mulheres jovens e de descendência africana, com prognóstico desfavorável devido à alta taxa de recorrência precoce e metástases no SNC. As variantes germinativas patogênicas nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por 5% a 10% dos casos de câncer de mama. Enquanto variantes patogênicas no gene BRCA1 estão mais frequentemente associadas ao TNBC, no BRCA2 é geralmente ligado a tumores com receptor de estrogênio positivo.  Os dados clínicos e patológicos foram coletados retrospectivamente de pacientes com TNBC tratadas no A.C. Camargo Cancer Center. A análise genética foi realizada a partir de DNA extraído de leucócitos ou tecido normal congelado, utilizando um painel de 27 genes relacionados à predisposição ao câncer. Em alguns casos, foi feita análise somática no tecido tumoral com um painel de 15 genes. Foram avaliadas 388 pacientes com TNBC, das quais 21% apresentavam PV nos genes BRCA1/2 (17,7% em BRCA1 e 3,3% em BRCA2). Entre as portadoras de PV em BRCA2, 40% desenvolveram metástases ósseas e 60% apresentaram metástases no SNC. A análise indicou uma tendência de maior probabilidade de metástases ósseas em portadoras de BRCA2 (OR = 4,06; IC 95%: 0,82–20,01; p = 0,085) A literatura mostra que o câncer de mama em portadoras de variantes patogênicas no gene BRCA1 tende a ser mais agressivo, enquanto mutações em BRCA2 estão associadas a tumores de comportamento mais indolente. Neste estudo, foi avaliado exclusivamente o TNBC, com todas as pacientes tendo o status germinativo dos genes BRCA1 e BRCA2 verificado. Conclui-se que pacientes com TNBC e variante germinativa no gene BRCA2 apresentaram maior número de casos com metástases ósseas e no SNC, embora essa mutação não represente um fator de risco independente. Já as pacientes com variante germinativa no gene BRCA1 apresentaram menos eventos metastáticos, foram diagnosticadas em idade mais precoce e tiveram melhor taxa de sobrevida em comparação com portadoras de BRCA2 mutado, e com aquelas sem mutações. O aumento do número de casos estudados, provenientes de diferentes centros, é essencial para melhor caracterizar os padrões de metástase e sobrevida nessa população.

Voltando para a reflexão inicial deste texto, lembrei da analogia com uma mensagem que volte e meia aparece nas redes sociais, perguntando se o “eu” criança se orgulharia do “eu” adulto. Acredito que o Marcelo que escrevia as cartas relatando as “experiências”, para a Revista Brasileira de Ensino de Ciências; e que resultou em uma publicação intitulada “O Poder do Incentivo”, se orgulharia muito do Marcelo que conseguiu cursar uma graduação, uma pós-graduação incluindo um pós-doutorado. Não foram publicações que mudaram a história da Medicina, mas com certeza continuaram e poderão contribuir com outras pesquisas. Associado a isso, ainda mantenho o vínculo cada vez mais forte com a natureza o que assegura a seriedade em oferecer uma Medicina baseada em evidências científicas aos pacientes, mantendo uma relação médico-paciente mais humana e acolhedora possível. Sou a prova de que incentivar as pessoas pode mudar a história de vida. 


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