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Minha trajetória como mastologista

  • drmarcelomorenomkt
  • 5 de fev.
  • 3 min de leitura

Neste dia em que lembramos de celebrar a especialidade médica que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças da glândula mamária (tanto feminina quanto masculina), destaco aqui um pouco da minha trajetória em relação à escolha de atuar também nesta área clínica e cirúrgica.   Talvez o que tenha me despertado tenha sido o fato de que a primeira pessoa que atendi (como estudante, quando eu estava no terceiro ano de faculdade, com meus 20 anos) foi uma paciente internada no Hospital Universitário de Santa Maria, que tinha o diagnóstico de câncer de mama. Nesta etapa da formação médica, aprendemos a coletar a história clínica, realizar o exame físico, desenvolver o raciocínio clínico e elaborar hipóteses diagnósticas para, na sequência, solicitar exames complementares, se necessário, e então propor o tratamento. Em hospital universitário, o processo de ensino-aprendizado ocorre à beira do leito, juntamente com o professor de semiologia, que atentamente anota as etapas que o estudante cumpre dentro dos objetivos estabelecidos pela disciplina.  Lembro-me de que era uma segunda-feira. Bem cedo, cheguei ao hospital e coloquei meu avental de estudante pela primeira vez, com o estetoscópio no pescoço. A animação era imensurável. Foi realizado um sorteio dos pacientes de acordo com o número do leito. Ao chegar ao quarto da paciente que eu deveria atender, deparei-me com uma senhora de seus 50 e poucos anos, sem cabelo devido à quimioterapia e com o olhar cheio de dúvidas em relação ao que estava por vir.  Eu, um estudante sem saber como iniciar a conversa, segui o protocolo inicial de apresentação e início da sequência de perguntas estabelecidas pelo professor. Mas, aos poucos, percebi que a conversa ia além do que estava nos livros, pois não era um “número de leito” que estava à minha frente, mas uma paciente com diagnóstico e um tratamento que visava à cura da doença, mas que, paralelamente, consumia o ser humano tanto biologicamente quanto psicologicamente.  Ao todo, foram quatro páginas de escrita e muitas dúvidas, além do desconforto por não ter conseguido ajudar aquela paciente, além do fato de escutá-la. Tenho essas páginas guardadas comigo até hoje.  Na primeira residência médica, de Cirurgia Geral, sempre que possível participava ativamente de procedimentos cirúrgicos que envolviam pacientes com neoplasias e, no caso das de mama, acompanhava paralelamente o serviço de Mastologia do hospital, que naquela época estava se organizando. Já na segunda residência, de Cirurgia Oncológica, minha participação na Mastologia foi mais ativa, pois fazia parte do programa de formação, o que resultou na realização da prova de título de Mastologista (TEMA), ainda quando eu estava no segundo ano da residência.  Já em Chapecó, atuei desde que cheguei, em 2002, nesta especialidade, juntamente com a Cirurgia Oncológica, tendo registro de especialidades (RQE) nas duas áreas. Concomitantemente, realizei pós-graduação em reconstrução mamária (cirurgia oncoplástica), que visa reconstruir a mama após ou no mesmo tempo do tratamento cirúrgico de um câncer de mama, como o melhor resultado estético possível, a fim de restabelecer a autoestima da paciente.  Conforme comentei em texto prévio, na área da Mastologia, em 2004, tive a oportunidade de aprender junto aos pesquisadores que desenvolveram e validaram cientificamente técnicas de cirurgia radioguiada em Mastologia, no Instituto Europeu de Oncologia, na cidade de Milão. Ao retornar, percebi que eram necessários equipamentos auxiliares como o gama probe, já que a demarcação pré-operatória já estava disponível na cidade de Passo Fundo. Assim, adquiri o primeiro contador de radiação do estado, e tivemos a oportunidade de iniciar essas técnicas de forma pioneira, que se tornaram rotina em toda Santa Catarina, incluindo Chapecó, com a abertura de um serviço de Medicina Nuclear. Esses fatos motivaram minha dissertação de mestrado e a tese de doutorado, cuja pesquisa foi publicada em uma revista especializada nos Estados Unidos e posteriormente incluída em três meta-análises que validaram a técnica do ROLL (localização radioguiada de lesão oculta da mama).  Finalizo o texto parabenizando todos os colegas que atuam nesta apaixonante área da Medicina, com uma trajetória difícil na formação, e que se preocupam em oferecer o melhor para as(os) pacientes.   


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