Diagnosticando câncer de mama com laser
- drmarcelomorenomkt
- 19 de fev.
- 2 min de leitura
Acredito que todos que me acompanham nos textos do blog já perceberam que gosto de ciência. Inclusive, fiz questão de deixar isso escrito na minha descrição nas redes sociais. Não existiria outro caminho senão vincular minha história acadêmica à realização de pesquisas. Já muito cedo, participei de publicações durante a faculdade, nas residências médicas e no início da carreira como docente. Mas, de forma mais metodológica, literalmente, foi quando fiz os trabalhos de pesquisa vinculados ao mestrado e doutorado, e, mais recentemente, ao pós-doutorado. Durante todo esse período, também vinculei inúmeras publicações secundárias aos trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado que tive a oportunidade de orientar ou coorientar juntamente com colegas renomados das universidades onde atuei como docente, gestor e pesquisador. Como sempre aprendi, tentei ensinar, dando sentido ao verbo apprendre do francês: uma pesquisa só faz sentido se for divulgada para a comunidade científica e para a população envolvida. Só tem sentido se fizer a diferença na vida das pessoas. Com isso, nesta fase de postagens, irei comentar sobre algumas publicações das quais tive a oportunidade de participar e que têm relação com câncer de mama e de pele. O primeiro estudo que irei comentar está relacionado à minha dissertação de mestrado – Estudo de espectroscopia Raman de doenças da mama – (Moreno, M., Raniero, L., Arisawa, E. Â. L., do Espírito Santo, A. M., dos Santos, E. A. P., Bitar, R. A., & Martin, A. A. (2010). Raman spectroscopy study of breast disease. Theoretical Chemistry Accounts, 125, 329-334). O objetivo do estudo era caracterizar tecidos mamários saudáveis, tecidos com doenças benignas, doenças de risco e câncer de mama, utilizando espectroscopia Raman. Essa técnica usa um tipo de laser que, em contato com o tecido biológico, emite um sinal vibratório (por meio da vibração do conjunto de moléculas que compõem o tecido). Esse sinal é então lido e interpretado por softwares de imagem. Os principais achados do estudo mostraram que a espectroscopia Raman consegue diferenciar, com uma precisão de 98,5%, tecidos normais daqueles que apresentam alterações. No estudo, também identificamos mudanças significativas nos padrões vibracionais dos tecidos afetados, especialmente em faixas específicas do espectro, que indicam alterações químicas. Em resumo, com essa técnica, quando houver tecnologia que permita a comercialização do equipamento utilizado, será possível realizar o diagnóstico das doenças mamárias sem a necessidade de retirada de material biológico. Isso poderia, por exemplo, ser feito apenas com a introdução de um dispositivo no interior da lesão, permitindo que o diagnóstico fosse elaborado diretamente no computador. Essa técnica também poderia ser útil no planejamento e realização dos tratamentos loco-regionais dos cânceres, como na avaliação das margens cirúrgicas, por exemplo. Enfim, essa pesquisa se enquadra no rol de trabalhos geradores de hipóteses e de técnicas que, quando aprimoradas, poderão ser incorporadas à prática diária do tratamento de pacientes com câncer de mama e outros tipos de neoplasias malignas.
Link para acesso ao artigo na íntegra: https://link.springer.com/article/10.1007/s00214-009-0698-6










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