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Como Nossas Escolhas Alimentares Podem Transformar a Saúde e o Planeta

  • drmarcelomorenomkt
  • 8 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Recentemente, assisti à animação “Robô Selvagem” (Wild Robot, DreamWorks Animation e Universal Pictures), cujo roteiro explora diferentes situações de convivência e os resultados que podem surgir a partir das decisões que tomamos. No enredo, é frequentemente mencionado pelos personagens que cada indivíduo nasce “programado” para desempenhar uma determinada função, e que a soma de todas as ações deveria resultar em harmonia. Entretanto, a teoria nem sempre reflete a realidade, e escolhas individuais podem desencadear grandes problemas. Uma das mensagens que mais me marcou é que, para conseguirmos mudanças, devemos fazer mais do que fomos “programados”; isso exige esforço. Relacionando essa reflexão à minha experiência pessoal, compartilho minha jornada com a alimentação vegetariana/vegana, ou seja, sem o consumo de carne. No meu caso, a origem dessa escolha é facilmente identificável. Durante minha infância, cresci em uma família do interior e presenciei o abate de animais para consumo alimentar. Esses animais eram criados desde pequenos, e, ao acompanhar o desenvolvimento de suas vidas, eu não conseguia dissociar a diferença entre eles (porcos, vacas e frangos) e os cães e gatos que conviviam no mesmo ambiente. A brutalidade da forma como eram mortos, depois de terem sido criados, me causava um sofrimento para o qual eu não conseguia encontrar explicação. Com o passar do tempo, já na universidade, comecei a refletir de forma individual, uma vez que, na época, não havia internet para buscar informações de forma tão fácil como hoje. Relacionando o aprendizado das aulas e livros de bioquímica, compreendi que nosso corpo é composto por cerca de 250 mil proteínas diferentes, formadas a partir de apenas 20 aminoácidos. Destes, nosso organismo é capaz de produzir 11, enquanto os 9 restantes, assim como os elementos necessários para a formação dos outros, podem ser obtidos em uma dieta diversificada, composta por frutas, verduras, grãos e outros alimentos de origem vegetal. A única vitamina que requer reposição em dietas veganas (sem ovos, leite e derivados) é a B12 (cobalamina). Essa molécula é produzida por bactérias presentes no trato gastrointestinal de animais, sendo armazenada em seus músculos, ou encontrada em ovos e leite. A reposição de B12, de origem sintética, pode ser feita por ingestão oral diária ou de forma injetável, com intervalos maiores entre as aplicações. Atualmente, minha opção por não consumir carne vai além da busca por uma vida saudável. Em oncologia, o excesso de consumo de carne vermelha está associado ao aumento do risco relativo para o desenvolvimento de neoplasias malignas, como câncer de cólon, próstata e mama. No Brasil, essa relação é evidente ao se comparar os índices desses tipos de câncer entre as populações do Norte e do Sul, devido às diferenças culturais e alimentares. Isso sem mencionar os benefícios à saúde cardiovascular, amplamente conhecidos. 

Além da saúde, há a questão ambiental. Já foi comprovado que as mudanças climáticas no planeta são consequência do aquecimento global. Apesar do negacionismo presente em muitas culturas, o processo já foi desencadeado e segue seu curso, independentemente das opiniões de parte da população. Inúmeros estudos realizados em diferentes centros de pesquisa mostram que o impacto do consumo de carne vermelha, especialmente a bovina, é significativo no desequilíbrio climático, considerando fatores como desmatamento, consumo de água e emissão de metano. 

Em resumo, acredito que há dois pilares importantes relacionados à escolha alimentar sem carne: a saúde humana e a saúde do planeta. A "mãe Terra", que nos acolheu desde o início de nossa existência “em corpo e carne”, precisa ser cuidada.

Evolutivamente, discute-se se deveríamos ser carnívoros, dado que nossos dentes caninos não se assemelham aos de cães e gatos. Por outro lado, se desejamos promover mudanças em nossa saúde ou na saúde do planeta, precisamos ir além da nossa suposta "programação", como sugere o enredo do filme que inspirou esta reflexão.


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